Manifesto de pesar pela morte de Zezico Guajajara e denúncia do genocídio de seu povo

01/04/2020 14:27

Uma das lideranças indígenas mais importantes do Brasil, Zezico Rodrigues Guajajara foi encontrado morto ontem, 3l de março, alvejado por um tiro de espingarda quando percorria um trecho da estrada Matinha, município maranhense  de Arame, distante 477 quilômetros da capital de São Luís.  Mesmo em meio à pandemia do novo COVID-l9, seu assassinato não será invizibilizado e não pode ficar impune.

Zezico era professor e diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuru (também conhecida como Escola Zezico Rodrigues). Comprometido com a educação indígena, no dia anterior ao seu assassinato havia assumido  a liderança  da Coordenação dos Caciques e Lideranças da TI Araboia (CCOCALITIA).

O caso não é isolado. A violência contra o povo Guajajara vem crescendo há pelo menos uma década, mas tomou grandes dimensões desde o início de 20l9. Ele é o quinto indígena Guajajara assassinato nos últimos 4 meses e, segundo o site do  Conselho Indigenista Missionário (CIMI), desde o ano 2000 foram registrados 49  homicídios  contra indígenas do povo Guajajara.

Essas violências vinham sendo denunciadas por Zezico e outras lideranças aos governos estadual e federal, em especial as ameaças que ele e outras lideranças Guajajara vinham sofrendo nos últimos anos, por conta do avanço da ação dos madeireiros nas Terras Indígenas de Arariboia, segundo matéria publicada no jornal Amazônia Real, do dia 3l de março. Entretanto, os indígenas não obtiveram qualquer resposta ou providências dos poderes públicos.

Diante do agravamento da violência e da propagação do coronavirus  nas sociedades indígenas, reforçamos ao Governo Federal a urgência de medidas protetivas às vidas dos indígenas e de investigação e penalização dos culpados dos crimes cometidos para combater o genocídio deliberado do povo Guajajara.

Por fim, o NEPI manifesta a sua solidariedade aos familiares, amigos, comunidade Escolar indígena e com o povo Guajajara.

Zezico Guajajara, presente!

Texto de Raquel Mombelli